A judoca portuguesa Telma Monteiro foi hoje eliminada no primeiro combate dos Mundiais em -57 kg e complicou ainda mais as ‘contas’ no apuramento olímpico, no qual se encontra fora da zona elegível.

Isenta na primeira ronda em Abu Dhabi, a judoca do Benfica (26.ª do mundo) defrontou a azeri Acelya Toprak (33.ª) e acabou derrotada a 10 segundos do final, após ver um terceiro ‘shido’ (castigo), que determina a desclassificação (hansoku make).

Telma Monteiro procurou entrar ao ataque diante de Toprak, a quem tinha já vencido, na única vez que lutaram, em 2021, mas a azeri esteve mais forte na segunda metade dos quatro minutos, com a portuguesa a ser penalizada por passividade ou falsos ataques.

Com as duas judocas ‘tapadas’ a pouco mais de um minuto do final e apesar do incentivo da treinadora Ana Hormigo, muitas vezes a pedir tranquilidade à portuguesa, sob muita pressão, Telma não conseguiu verdadeiros ataques ou desequilíbrios.

Não foi com surpresa quando a poucos segundos de se entrar em ‘golden score’ que a árbitra penalizou Telma Monteiro uma terceira vez, depois de considerar um falso ataque, apesar do ‘abanar’ de cabeça da judoca, em sinal de discordância.

O desaire no seu primeiro combate nos Mundiais e quando entrou apenas na segunda ronda deixa Telma Monteiro num cenário complicado em relação a uma participação nos Jogos Olímpicos de Paris2024.

À entrada para os Mundiais, a última competição a pontuar, Telma Monteiro (2.296) estava atrás de João Fernando (2.443), que ocupa uma vaga continental das 25 atribuídas à Europa e uma por país, e de Taís Pina (2.341), em quota excedentária (realocação).

Um apuramento olímpico está dependente de muitas variáveis, isoladas ou em conjunto, que teriam de se cumprir nestes Mundiais: João Fernando ou Taís Pina entrarem em classificação direta nas suas categorias, e Telma Monteiro conseguir, no final dos Mundiais, ter mais pontos do que outros judocas na disputa continental (13 masculinos e 12 femininos na Europa) ou de realocação (mais três judocas).

Para Telma Monteiro, a judoca portuguesa mais medalhada de sempre, é uma situação difícil, depois de ter regressado aos tatamis apenas em abril, no seguimento de uma paragem de cinco meses, após uma lesão grave.

Uma rotura de ligamentos no joelho esquerdo obrigou a cirurgia e a uma recuperação acelerada da judoca, que, mesmo assim, perdeu muitas competições e viu-se impossibilitada de manter o lugar de apuramento que tinha em -57 kg.

Os Jogos Olímpicos de Paris2024 foram sempre apontados como um objetivo para Telma, que, aos 38 anos, pretendia marcar presença nos seus sextos Jogos, o que a acontecer é um recorde no desporto feminino português, mas também do judo mundial, com nenhum judoca a ter mais de cinco participações.

Telma Monteiro competiu em Atenas2004, Pequim2008, Londres2012, Rio2016, onde conquistou uma medalha de bronze, e Tóquio2020, disputados em 2021 devido à pandemia da covid-19.

Na carreira, Telma conta ainda com quatro medalhas de prata e uma de bronze em campeonatos do mundo, 15 medalhas em campeonatos da Europa, seis como campeã europeia, duas de prata e sete de bronze, e 24 medalhas em Masters, Grand Slam e Grand Prix.

No segundo dia destes Mundiais, que decorrem em Abu Dhabi até sexta-feira e são a última prova a pontuar no apuramento olímpico, a seleção teve ainda em ação Otari Kvantidze (-73 kg), com o judoca a ser igualmente eliminado no primeiro combate, derrotado pelo turco Umalt Demirel, com uma imobilização até aos 10 segundos, a pontuar para waza-ari.

Portugal ainda terá mais sete judocas em ação durante os Mundiais, com Bárbara Timo (-63 kg) e João Fernando (-81 kg) e Anri Egutidze (-81 k) na terça-feira, Taís Pina (-70 kg) e Patrícia Sampaio (-78 kg) na quarta-feira, e Rochele Nunes (+78 kg) e Jorge Fonseca (-100 kg) na quinta-feira.